domingo, 13 de novembro de 2011

PREVENIR? PORQUE SIM!

Prevenir? Porque sim!
Porque é melhor prevenir do que remediar…
Porque cada dia é diferente do anterior…
Porque agir antes de acontecer é estar melhor preparado…
É consensual que o consumo de substâncias psicoativas é uma ameaça ao desenvolvimento e bem-estar social e económico, acarreta consequências adversas sérias, no próprio indivíduo, e naqueles que com ele convivem, nomeadamente família, amigos, colegas e sociedade em geral.
Não apenas em Portugal, mas também na Europa e no Mundo o consumo destas substâncias é uma grande preocupação de saúde pública, na medida em que temos noção dos efeitos e consequências negativas para o próprio e terceiros. O consumo do tabaco, álcool e outras drogas não pode ser analisado apenas na dimensão individual, enquanto comportamento isolado, mas enquanto ato social, onde o comportamento daqueles que consomem tem influência no comportamento de terceiros face ao consumo, com impacto no desenvolvimento económico e organização das sociedades.
Apesar de social e culturalmente haver uma certa tolerância ao consumo de álcool e tabaco, não podemos esquecer que estas substâncias provocam também alterações ao nível do sistema nervoso central, causando dependência física e psicológica. A própria Organização Mundial da Saúde diz que droga “É toda a substância, natural ou sintética, que altera o funcionamento do Sistema Nervoso Central (deprimindo-o, estimulando-o ou perturbando-o)”.



Percurso do adolescente nunca é uma linha reta


É inquestionável a necessidade e premência de continuarmos a investir na prevenção das toxicodependências. O objetivo primordial do Serviço de Prevenção de Toxicodependência e da sua estratégia de intervenção é, sem dúvida, evitar o início do consumo das substâncias psicoativas na população, com especial incidência nas crianças, nos jovens e nas suas famílias. O percurso do adolescente nunca é uma linha reta. Ocorrem avanços e recuos, absolutamente normais. Daqui a necessidade de trabalhar com estes jovens diferentes competências, de forma a capacitá-los para saberem estar nas diferentes situações e contextos. Assim, e de acordo com uma boa prevenção, os projetos devem ser desenvolvidos ao longo do ciclo de desenvolvimento, de forma contínua, preferencialmente em meio escolar, por ser este o contexto onde as crianças / jovens passam a maior parte do seu tempo.
Relativamente aos programas de intervenção o modelo sócio-afetivo (Hansen, 1992) dá especial valorização às variáveis individuais – as atitudes, crenças, valores, autoconceito, auto-estima, conhecimentos e tomada de decisão e às variáveis sociais – processo de aprendizagem e pressão social: Atividades alternativas – visam promover junto dos jovens o desenvolvimento de atividades incompatível com o uso de substâncias.
Auto-estima – desenvolver sentimentos positivos em relação a si próprio.
Clarificação de valores – clarificar os valores percebendo a relação entre valores pessoais e consequências das decisões.

Competências individuais e sociais – capacitar para a assertividade e resolução de conflitos interpessoais.
Compromisso – trabalhar para o compromisso de nunca usar drogas.
Estabelecimento de normas – fixar normas que dificultam a acessibilidade às drogas e compromisso de não consumir, corrigindo as percepções erradas que possam existir.

Informação – trabalhar os conhecimentos e crenças sobre as consequências do uso de substâncias psicoativas.
Lidar com o stress – ensinar habilidades ou estratégias para lidar com o stress, especialmente em situações particularmente difíceis ou até contrariedades, como a não entrada na universidade para o curso pretendido ou a ruptura de uma relação de namoro.
Dar suporte ou assistência - fornecer apoio e orientação para resolver os problemas do quotidiano.
Traçar objetivos – Incentivar a escolha de objectivos e motivar para o sucesso.
Tomada de decisão – capacitar para a tomada de decisões racionais relativamente às substâncias.




Jovens serem os difusores da informação


Ao longo do tempo o Serviço de Prevenção de Toxicodependência tem envolvido jovens em muitos dos projetos e programas preventivos, procurando que sejam eles os principais agentes de difusão da informação, de atitudes e comportamentos responsáveis no domínio da promoção da saúde e prevenção das toxicodependências. São os denominados projetos de prevenção de pares, que se têm revelado bastante eficazes, na medida em que para os jovens é muito mais fácil aceitar a mensagem e a influência do seu amigo ou colega, dada a sua relação de proximidade, do que dos professores ou dos técnicos.
Contudo, e apesar de todo o investimento em programas preventivos, que se possam desenvolver em meio escolar, recreativo ou desportivo, não podemos esquecer o relevante papel dos pais no desenvolvimento das crianças e dos jovens. São os pais que proporcionam o desenvolvimento das condições necessárias para uma maturação equilibrada e saudável. Caso dúvidas houvesse, temos todas as razões para responder “porque sim” ao desafio da prevenção.


Idalina Sampaio
Socióloga Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM
Serviço de Prevenção de Toxicodependência


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