sábado, 6 de novembro de 2010

GUNS N’ ROSES UMA HISTÓRIA DE EXCESSOS

Hoje iniciamos aqui uma rubrica à qual decidimos chamar a “queda de uma lenda”.
Desde o mundo do cinema, passando pelo desporto até à música, muitas foram de facto as personalidades que, devido a excessos associados às toxicodependências, caíram dos patamares mais altos, por vezes quase sagrados, que temporalmente alcançaram. Relataremos aqui histórias de personalidades endeusadas pelo público que sucumbiram à tentação da droga, com consequências inevitavelmente similares. Hoje, contamos a história daquela que foi indubitavelmente uma das maiores bandas de rock de sempre: os Guns n’ Roses, cuja vida de excessos lhes ditou o fim prematuro – para grande consternação de muitos e nossa em particular!
A história dos Guns n’ Roses começa a ser escrita em 1982 através do baixista Duff McKagan que, através de um anúncio de jornal, chegou a Slash – o grande Slash! – e Steven Adler, formando assim os Road Crew. A banda desintegrar-se-ia porém pouco tempo depois, embora os três mantivessem o contacto. Em 1983, Izzy Stradlin e Axl Rose, que tocavam nos Hollywood Rose, cruzam o caminho de Duff. Axl, que também cantava no LA Guns (de Tracii Guns), começa a ter problemas com alguns integrantes das duas bandas - ao que consta este "menino" sempre primou pelo mau feitio -. O vocalista resolve então juntá-las, completando assim a primeira formação dos Guns n’ Roses: Axl Rose (voz), Izzy Stradlin (guitarra), Tracii Guns (guitarra), Duff McKagan (baixo) e Robert Gardner (bateria). Não demoraria muito para conseguirem agendar a sua primeira turné. Três dias antes do primeiro concerto, porém, Tracii e Robert abandonam a banda – graças a Deus, dizemos nós.
Quase em desespero, Duff convida seus amigos Slash e Steven Adler para substituí-los – bendita hora! – Essa turné acabaria todavia por se revelar um autêntico fracasso. Uma série de episódios violentos (brigas, prisões, invasões de palco e muita droga) marcou a primeira turné do grupo. Os recém-formados Guns n’ Roses chegaram mesmo ao ponto de se verem obrigados a vender parte de seus equipamentos por forma a assegurarem o seu regresso a casa. Já em Los Angeles, aquela que foi rotulada de a banda mais perigosa do mundo chegou a roubar e a vender drogas para sobreviver. Porém, a formação clássica dos Guns havia se completado e o sucesso não demoraria muito a bater-lhes à porta. Em 1986, contornando as dificuldades, os Guns gravaram um EP independente, chamado Live Like a Suicide e que continha quatro músicas gravadas ao vivo.
Em 1987 começam a abrir shows do Motley Crue, Aerosmith e The Cult e, contando com a ajuda de Alice Cooper – outro grande “monstro” do rock –, conseguem um contrato com a Geffen. Quatro meses depois saía o primeiro LP da banda: Appetite For Destruction – simplesmente fantástico! – A princípio, o primeiro disco de sucesso da banda enfrentou boicotes das lojas, rádios e televisões, além de alguns grupos feministas. A banda acabaria porém por ganhar os prémios de “Melhor Novo Artista” e de “Melhor Vídeo” da MTV com o tema Welcome to the Jungle.
Ainda em 1988 a Geffen Records decide lançar um novo álbum: Lies – outra maravilha! – constituído por apenas quatro composições novas e mais quatro gravações do EP Live Like a Suicide, de 1986. O processo de gravação do Lies foi pródigo em desentendimentos entre os membros da banda. Segundo Tony Monson, gerente do estúdio da Geffen desde 1981 e que presenciou todo o processo de gravação dos Guns n' Roses desde o seu primeiro disco, Steven e Slash chegavam não raras vezes totalmente bêbados e caídos a estúdio. “Axl não era diferente, adorava drogas, mas na hora de gravar sossegava e quando encerrava a sessão de gravação sentava-se num sofá ao fundo do estúdio, pegava numa garrafa de tequila e cheirava um pouco de coca. Izzy e Duff preferiam os cigarros, fumavam um atrás do outro, o estúdio fedia tornando-se quase impossível ali permacer".
Apesar dos incidentes Lies alcançaria rapidamente o sucesso do álbum anterior, juntando-se a Appetite For Destruction na lista dos mais vendidos, facto que fez dos Guns n’ Roses a primeira banda de hard rock a colocar dois discos ao mesmo tempo nos tops.
As continuadas experiências com drogas foram o motivo do primeiro desfalque entre os componentes da banda. Em 1988, Slash por pouco não é despedido por abuso de heroína e, em 1990, Steve Adler foi expulso da banda por não conseguir abandonar o vício – maldita droga! – Três meses depois o grupo encontra substituto para Steve: Matt Sorum, até então baterista dos Cult. O teclista Dizzy Reed junta-se à banda, iniciando-se assim as gravações de um novo álbum.
Em 1991 foram lançados de uma assentada dois novos álbuns: Use Your Ilusion I e Use Your Ilusion II – mais duas pérolas a juntar aos álbuns anteriores – Os dois discos são bem diversificados, com faixas mais “pesadas” como Garden of Eden ou You Could Be Mine a partilharem espaço com as baladas Dont Cry, Knocking on Heavens Door, Estranged e November Rain. Os Guns n’ Roses mantêm-se no topo da programação das rádios e MTV. Após o lançamento de Use Your Ilusion seguiu-se uma extensa turné que culminaria com mais problemas e conflitos entre os membros da banda, tendo mesmo levado ao abandono de Izzy Stradlin, prontamente substituído por Gilby Clarke.
Os Guns n’ Roses lançaram cinco álbuns de estúdio, dois EPs, um álbum ao vivo e três DVDs musicais ao longo da sua carreira. O estilo musical, a presença em palco e a imagem de bad boys da banda contribuíram para o sucesso do grupo durante uma nova era de domínio do hard rock e heavy metal no final dos anos 80 / início dos anos 90. Enquanto o glam metal liderava nas vendas de discos, tabelas de vídeos e rádio, os Guns ofereciam um som mais tradicional do rock e conquistaram muitos fãs, impressionados pela sua autenticidade entusiasmante. Atingiram os píncaros do sucesso mundial entre 1988 e 1993, mas os recorrentes conflitos de personalidade entre os membros do grupo, muito em parte devido ao consumo excessivo de álcool e de outras drogas, culminaria com o fim da formação original. Actualmente, Axl Rose é o único membro da formação base, sendo o vocalista da banda (ou do que resta dela) desde 1986.
No dia 23 de Novembro de 2008, após 14 anos de “silêncio”, o polémico e controverso Chinese Democracy – uma autêntica desilusão! – é lançado em todo o mundo.

PS: Está a fazer agora precisamente um mês que os Guns (ou o que resta deles) actuaram no Pavilhão do Atlântico mas, parafraseando o outro do anúncio: será que os Guns n’ Roses podem viver sem Slash, Duff McKagan, Izzy Stradlin ou Steven Adler? Resposta: poder até podem, mas não é a mesma coisa! Definitivamente.   

Sem comentários:

Enviar um comentário