Substâncias psicotrópicas ganham adeptos sobretudo entre os mais jovens
Desde que as drogas legais chegaram à Madeira de forma mais assumida, há cerca de dois anos, quando abriu a primeira 'smart shop' no Funchal, que as substâncias psicotrópicas não pararam de ganhar adeptos. Hoje são um fenómeno de popularidade sobretudo junto da comunidade jovem. A venda livre desta gama de drogas que não estão inscritas na longa lista de substâncias estupefacientes proibidas em Portugal, já colocou a Polícia Judiciária e a Inspecção das Actividades Económicas no terreno e está a deixar bastante preocupado Nelson Carvalho, director do Serviço de Prevenção da Toxicodependência.
André Paquete, estudante de bioquímica (curso incompleto), aproveitou a experiência de dois anos a trabalhar numa 'smart shop' em Oxford, na Inglaterra, para trazer o conceito da venda livre de substâncias químicas e naturais com efeitos alucinogénicos para a Madeira. Estudou a legislação, aconselhou-se junto da Polícia e concluiu que o negócio tinha tudo para resultar.
Abriu a sua própria loja no Funchal, em Dezembro de 2008. A 'Pakside, street wear' congrega, além do pronto-a-vestir, um estúdio de tatuagens 'Ink Side', uma 'sex shop' (que actualmente já não existe ali) e uma zona 'smoking' – um expositor onde se vendem mortalhas, cachimbos, incensos, 'grinders' (moedores), mas também fertilizantes para plantas – um pó que, não obstante a advertência no rótulo, acabam por ser consumido uma vez reconhecidas as suas características alegadamente psicoactivas – e as chamadas drogas legais: 'Salvia Divinorum' (extracto herbal seco) e 'Snow Blow', um rapé energizante sem nicotina.
Os produtos, tal como os efeitos são vários: de calmantes a energizantes, de afrodisíacos a estimulantes. A gama das 'legal highs' têm efeitos semelhantes ao LSD, à marijuana e ao ecstasy mas – magia! - são vendidos e consumidos livremente sem qualquer sanção legal. "São cada vez mais os clientes que nos procuram", confessa o gerente. Quantos por semana? "Isso são dados confidenciais", responde André Paquete. Garante que só vende "exclusivamente a maiores de 18 anos", sendo essa uma "regra de ética". Os problemas que possam daí advir, como o consumo por menores ou a mistura explosiva de substâncias alucinogénicas com bebidas alcoólicas, tudo isso é já entra na esfera da responsabilidade dos clientes.
As saquetas com os produtos psicotrópicos são importados do continente, a partir de fornecedores fidedignos, assevera o gerente da 'smart shop' do Funchal, um confesso apologista da liberalização das chamadas drogas leves como a marijuana. "É bom que o país pense bem duas vezes sobre a legalização destas substâncias: é que as novas que vão surgindo podem ser mais perigosas, porque derivam de alterações químicas em laboratório", afiança.
SPT alerta: perigo para a saúde
Nelson Carvalho, director do Serviço de Prevenção da Toxicodependência (SPT), analisa o problema sob um outro prisma. "Estas substâncias químicas designadas por 'spice drugs' só são legais por uma questão administrativa, porque os efeitos são semelhantes às drogas ilícitas".
Na verdade, a venda destas drogas só não é proibida porque cai em vazio legal, pois não figuram na longa lista de estupefacientes e substâncias psicotrópicas proibidas, ao abrigo do regime jurídico aplicável ao tráfico e consumo (Decreto-Lei n.º 15/93).
Ao SPT não chegaram ainda "denúncias oficiais" destes casos, "mas é provável que haja situações de dependência", crê Nelson Carvalho. O responsável pelo serviço de prevenção das toxicodependências insurge-se contra as "mensagens facciosas" vendidas por estas lojas. "O que eu digo às pessoas é: evitem ao máximo tudo o que houver ligado a esse tipo de drogas porque é uma forma encapotada de vender esse tal produto que pode ser bom para se divertir, para ter um encontro, para se sentir mais relaxado, para ter mais coragem. Tudo isso é falso. As pessoas têm capacidades e competências próprias para resolver os seus problemas no dia-a-dia".
Dos comportamentos de risco podem resultar consequências imprevisíveis ao nível da alteração da consciência ou evoluir para situações mais graves: coma ou morte, considera Nelson Carvalho. "Pelos efeitos nefastos deve-se evitar de todo o seu consumo. É perigoso ainda mais porque são substâncias que não foram sujeitas a controlo farmacológico e são desconhecidos os seus princípios activos", adverte.
Informação para “exorcizar” medos
André Paquete está noutra onda. Resume os medos sociais ao preconceito, ao desconhecimento e à falta de informação. "Não há overdoses, é uma experiência de diversão, com características psicadélicas, ou no caso, da 'Salvia', é uma experiência espiritual intensa", descreve assim a 'trip' de reacções alucinogénicas ou psicotrópicas. Para exorcizar os receios em torno das drogas legais, sugere "acções de sensibilização junto de autoridades, professores e técnicos de saúde".
O DIÁRIO falou ainda com Carlos Marabuto, gerente daquela que se apresenta como a primeira 'smart shop' em Portugal. Desde que o 'Cogumelo Mágico' se instalou em Aveiro, em 2007, (entretanto abriram outras lojas no Bairro alto e em Cascais), o catálogo já oferece cerca de 400 produtos com substâncias psicotrópicas. Na Madeira tem "15 a 20 clientes fiéis". Os produtos são encomendados via CTT com portes de envio pagos no acto da entrega. "Funciona como a Telepizza", diz.
Vistorias: Judiciária e Inspecção: buscas e apreensões
Tal como aconteceu no Continente, a chegada das drogas legais à Madeira lançou alguma confusão entre as autoridades e dúvidas quanto à legalidade de substâncias cuja natureza é desconhecida.
Há cerca de dois anos, a Polícia Judiciária fez uma busca na 'smart shop' do Funchal e apreendeu cautelarmente vários produtos, vendidos em saquetas de uma grama e meia grama, que se presumiam ser ilegais. As amostras foram analisadas no Laboratório de Polícia Científica, em Lisboa, e os resultados revelaram que não havia matéria criminal, pois as substâncias não figuravam nas tabelas da lei vigente onde estão especificados os estupefacientes proibidos.
Recentemente, a Inspecção Regional das Actividades Económicas (IRAE) lançou uma vistoria no âmbito da fiscalização económica e segurança alimentar. "Foi apreendida uma certa quantidade e diversidade de produtos devido à inexistência de rotulagem adequada e outros por causa das substâncias que integrariam", revela ao DIÁRIO Valentim Caldeira. O director da IRAE diz que a loja está licenciada e tem autorização para vender produtos cosméticos, alguns dos quais apresentavam rótulo em inglês (sem tradução para português). Tudo está a ser averiguado, as amostras estão a ser analisadas em laboratório e, como tal, não há ainda conclusões.
André Paquete está tranquilo e disposto a corrigir se alguma irregularidade for apontada. "Se se comprovar com base nalgum estudo ou prova que o que eu vendo é uma ameaça à saúde pública, então eu deixo de vender", responde.
André Paquete está tranquilo e disposto a corrigir se alguma irregularidade for apontada. "Se se comprovar com base nalgum estudo ou prova que o que eu vendo é uma ameaça à saúde pública, então eu deixo de vender", responde.
Não entendo esta diabolização por parte das facções conservadoras e moralistas da sociedade sobre o consumo de plantas naturais, criadas por deus como todos os seres deste mundo. Nada foi criado por acaso e creio que não deve ser coincidencia que as doenças como o stress, depressões e ansiedade começaram a crescer a partir do momento é q se proibiu o consumo recreativo da cannabis.
ResponderEliminarrealmente amigo uma vergonha e estamos apenas começando.... http://stufffreak.com/legal-highs-legal-drugs/
ResponderEliminaruma merda!assim essas drogas atraem mais jovens e isso e mau!eu estou contra a venda de drogas legais em portugal
ResponderEliminare mesmo uma vergonha!isto vai de mal para pior!
ResponderEliminaro primeiro comentario do anonimo tem razao mas chegarmos ao ponto de vendas legais de substitutos de LSD,COGUMELOS E ALUCINOGENICOS....e uma vergonha!
ResponderEliminareu estou contra a ilegalizaçao da cannabis(MARIJUANA)porque ela serve para muitas doenças com esclerose multipla,asma,entre outras....
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