terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SUPER MÁRIO, O HOMEM QUE VOAVA SOBRE OS CENTRAIS

Mário Jardel foi sem dúvida um dos melhores avançados da história do futebol português. Considerado por muitos adeptos do desporto-rei nacional o melhor estrangeiro de todos os tempos a pisar os relvados portugueses, Super Mário, alcunha com a qual se celebrizou no nosso país, deve muita da sua fama ao facto de ter apontado 186 golos em 186 jogos oficiais disputados em Portugal. Uma média no mínimo surpreendente.
Jardel despontou para o futebol no Vasco da Gama, conquistou títulos no Grémio mas grande parte da sua fama foi conquistada em Portugal, ao serviço de FC Porto e Sporting. Conquistou o troféu destinado ao melhor marcador do campeonato nacional por cinco ocasiões e ainda duas “Botas de Ouro”, galardão que distingue o melhor marcador dos principais campeonatos da Europa, só superado nesta matéria por dois nomes míticos do futebol português como Eusébio (Benfica) e Fernando Gomes (Porto). Jardel era um fenómeno raro dentro da área, sendo a sua especialidade os golos de cabeça.
Depois de na época desportiva de 2001/2002 ter assinado aquela que foi provavelmente a maior temporada da sua carreira, apontando 42 golos em 30 jogos ao serviço do Sporting CP, facto que o faria sagrar-se pela segunda vez “bota de Ouro”, as portas da selecção canarinha que iria participar no Campeonato do Mundo organizado conjuntamente por Japão e Coreia do Sul pareciam definitivamente escancaradas para Super Mário.
Mas porque por vezes nem sempre tudo o que parece é, Jardel acabou sendo preterido por Luiz Felipe Scolari, técnico que em 2002 orientava uma selecção brasileira tida como uma das mais fortes de sempre e que acabaria mesmo por conquistar o “penta” na prova. Este terá sido o princípio do fim de Super Mário, então com 28 anos, idade considerada pelos especialistas a ideal sob o aspecto de maturação das características técnicas e tácticas que distinguem os grandes avançados.
O desgosto de nunca ter representado o seu país numa grande competição arrastou Jardel para a dependência do álcool e cocaína, afundando-o definitivamente no mundo das drogas. Aquele que até há bem pouco tempo era conhecido por Super Mário parecia ter perdido os “super-poderes” que o notabilizaram dentro dos relvados. Jardel já não “voava entre os centrais” arrastando-se antes de uma forma quase confrangedora em campo, muito em parte devido à sua má forma física reflectida de forma notória no seu excesso e peso. Pouco depois terminou o casamento com Karen Ribeiro, mãe dos seus dois filhos dos quais se manteve afastado por longos períodos.
O brasileiro passava noites em claro cercado de mulheres, bebida e drogas, situação agravada por ter passado a ser presença frequente no banco de suplentes das respectivas equipas. Acostumado à fama, Jardel não aceitava a condição de “reserva”, situação que potenciava ainda mais o consumo de drogas, utilizadas pelo avançado como forma de espace à nova realidade. Desde então Mário Jardel passou por 15 clubes dos mais diversos pontos do planeta – Itália, Inglaterra, Argentina, Espanha, Chipre, Austrália ou Bulgária – sempre com o intuito de reabilitar a carreira. A realidade porém é que em todos a sua passagem foi efémera, traduzindo-se em poucos meses de subrendimento nos relvados e um desfecho inevitavelmente semelhante: a dispensa.
Hoje com 37 anos, Mário Jardel, entretanto regressado ao Brasil, diz-se “curado” da dependência e procura um clube para relançar a carreira e a vida.

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